Pai,
Você partiu há muitos anos. E me deixou uma herança tão generosa que quero agradecer e contar pra todo mundo.
Foi com você que aprendi o gosto por contar histórias, o humor que tenta fazer piada com quase tudo e se puder coloca um tom de sacanagem na conversa.
Adoro lembrar das suas expressões de duplo sentido e do seu uso de palavrão no superlativo. "O que abunda não prejudica" e "porríssima nenhuma" ficaram na minha conta. Também recebi de você o gosto pelos estudos.
Você foi uma das poucas pessoas que conheci que era bom em português, em matemática e que continuou estudando mesmo depois de aposentado.
De você, eu herdei a perseverança, já que o senhor teve uma história de superação que parece de filme. Sua vida não foi fácil. O senhor nasceu numa casa de um cômodo, numa família numerosa. Conheceu a fome e o abandono paterno ainda na infância. Começou a trabalhar na adolescência para ajudar a família. Mas se tornou um adulto quase analfabeto.
Por sua perseverança e por amor a minha mãe, o senhor estudou, estudou muito. Se tornou servidor público e estudou na Nacional de Direito (atual faculdade de Direito da UFRJ). E quando morreu, não nos deixou desamparadas. Tínhamos recursos e valores para sobreviver, mesmo sem você.
Você nos deixou de herança, a honestidade e o senso de justiça. E não era de disfarçar, dava nomes aos bois com muita sinceridade.
Por falar em nome, sempre me perguntam se minha mãe gostava do filme "E o vento levou". Respondo que não, foi meu pai quem me deu o nome da protagonista. Com você aprendi a amar o cinema.
Obrigada pai, sua herança me sustenta até hoje.
Felicidades no Dia dos Pais. Eu te amo.
Rosa Scarlett
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