Um trem no meu mapa
- Rosa Scarlett

- há 6 dias
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Amo Lô Borges, Milton Nascimento e o Clube da Esquina desde garota. Eu fazia exames de rotina, quando soube da morte do Lô Borges. Não sei se foi por isso, mas quando fui colocar o o aparelho do mapa, minha pressão estava alta.

E eu passei o dia em baixa, almocei tarde, o cansaço, não poder tomar banho direito por causa do aparelho, tudo me faz me pensar na fragilidade do nosso corpo, na idade que vai chegando e no Lô.
Ainda estou processando a demência do nosso deus Milton Nascimento e Lô foi antes. Talvez pra preparar caminhos... É difícil lidar com o corpo adoecido, que envelhece, sobretudo quando a alma é tão jovem. Por isso, fiquei chocada com a intoxicação do Lô por medicamentos, uso muitos remédios a ainda faltam oito anos para eu me tornar idosa.
É bem interessante que Lô Borges conheceu Milton Nascimento ainda garoto. E eu sempre olhei pra eles como meninos. É preciso doçura, amor, dor e uma alma pulsante para fazer músicas tão lindas.
O garoto lá de casa ontem reconheceu a música do Lô Borges na televisão. Hoje o levei para escola ao som deste incrível violeiro e compositor.
Mas antes de sairmos de casa, meu filho me revelou que estava triste por causa do aparelho do Mapa, ele havia entendido que teria que usar pelo resto da minha vida. Respondi com a mineridade do momento: "não meu, filho vou tirar esse trem do mapa ainda hoje".
Só me consola a ideia que o Trem Azul do Lô Borges nunca deixará de passar no mapa da minha vida.
Mas não quero dizer que está tudo bem. Não está, sou uma espírita de meia tigela, acredito que a vida continua após a morte e que a vida espiritual é a verdadeira. Ainda assim, estou aqui triste, chorosa e querendo na Força do Vento "vencer o espaço e te achar".
Me sinto sozinha como se conhecesse o Lô pessoalmente. E é interessante pensar que mesmo não sendo Audaz, fui sozinha a dois shows dele por falta de companhia. Ouvir Equatorial ao vivo é uma experiência indiscritível. Querido Lô, eu queria ter ido a com ou sem companhia a mais mil shows seus.
Mas você está por aí na Via Láctea, navegando no céu e no ar, quem sabe catando pó de estrela pra criar canção. Tomada por tanto emoção, me vejo obrigada a confessar que embora ame as palavras e as imagens, nenhuma arte me toca mais do que a música. Então me sinto grata a Deus por você e tantos músicos incríveis terem nascido no Brasil. Isso me permite fazer contato com mais profundidade com o Clube da Esquina.
Clube da Esquina, um clube de amigos, me fez lembrar de amigos violeiros. Tiago da faculdade, do Betão e do Charles, amigo que musicou algumas poesias minhas e me deu o DVD Tambores de Minas, presentão. Lembranças de conversas especiais.
Não sei explicar tudo de bom que o Clube da Esquina e o Lô fazem na minha vida, então termino com uma música que o Rodrigo canta pra mim: "Quem sabe isso quer dizer amor, estrada por fazer, o sonho acontecer".
Com carinho e emoção,
Vai com Deus amado Lô Borges
Rosa Scarlett








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