A hora mais escura
- Rosa Scarlett
- 22 de dez. de 2023
- 1 min de leitura
Vivia por aí de mãos dadas com sua inocência como esta fosse amiga generosa.
Corria por seu planeta rosa encantada com seu mundo quase perfeito.
E quando a vida resolvia lhe dar uma taça de fel, chorava, não aceitava e depois sacodia os ombros, "é só lavar e colocar um pouco de mel".
Até que um dia, uma velha senhora bateu à sua porta. "Vamos menina, é hora de acordar!"
A moça fez pirraça, se rebelou. "Que hora, que nada".
A moça não aceitou o caminhar do dia, por isso se viu sozinha na hora mais escura.
Era meia-noite, ela teve que admitir que demoraria para seu mundo cor de rosa voltar.
Resolveu olhar o céu e se permitiu imaginar que no fundo tudo era apenas um azul mais denso. Cor de gente adulta, coisa que ela não queria ser.
Não pode deixar de admitir que só a escuridão permita ver o brilho de tantas estrelas. Foi assim que lembrou de cada taça amarga que ganhou e sentiu orgulho de todas as vezes que ressuscitou.
Sentiu-se incrível como uma das estrelas que brilhavam no céu. Mas não aceitou reconhecer o poder da escuridão, não daria o braço a torcer.
Seu mundo já não era rosa, tinha escuridão, mas a singela luz permitiu que ela olhasse no espelho. E teve um susto. Por um minuto viu a velha que tentou lhe acordar.
Olhou de novo e descobriu que já não era tão moça. Nada de certezas, nem de espinhas na cara, seu batom ao invés de rosa, estava lilás.
Sentiu-se bela e perguntou o que estava acontecendo, milagre, ciência? Não importava havia perdido sua inocência, mas ganhou a amiga consciência.
Rosa Scarlett
Commentaires