Rosa Araujo
O Instituto Pretos Novos localizado na Rua Pedro Ernesto, 32, no bairro da Gamboa, com o intuito de visibilizar a história do povo preto do Rio de Janeiro que a história não conta, organiza um passeio a pé pelo centro do Rio. Intitulado “Circuito Herança Africana” o passeio começa no Largo de São Francisco da Prainha, em frente a estátua da primeira bailarina negra a dançar no Teatro Municipal, Mercedes Baptista.
Os guias do passeio explicam que naquela parte o mar chegava, que os barcos atracavam ali e os escravos desciam naquele local que hoje é o Largo. O lugar a seguir a ser visitado é o Morro da Conceição, com suas estreitas, históricas, onde o povo preto construiu suas casas e onde, até hoje, muitos descendentes destes escravos habitam.
Ao subir o morro, é possível ver as moradias consideradas históricas, em estilo de sobrados coloridos, que remontam ao fim do século XIX, início do século XX. Mas, não podemos esquecer, antes da subida ao morro, da Pedra do Sal, marco histórico, local onde os carregamentos de sal dos navios que atracavam no porto do Rio de Janeiro, chegavam. Na pedra, foi entalhada uma escada que dá acesso ao Morro da Conceição, que com o tempo, se tornou o ponto de encontro dos estivadores.
O passeio ainda nos leva ao Cais do Valongo e às Docas de D.Pedro II, onde chegavam os escravos no auge do trafico negreiro, locais hoje, tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional para resgatar a dívida histórica com o povo preto, para que não esqueçamos nunca a vergonha da escravidão.
Há ainda os Lazaretos, ou seja, galpões, barracões onde os escravos ficavam aguardando para serem expostos e vendidos no mercado e o Cemitério dos Pretos Novos.
Este cemitério foi descoberto pela família Guimarães em 1996, e as ossadas são a prova viva da barbárie da escravidão, pois eles eram enterrados neste local ao serem torturados e queimados. Através das ossadas descobertas, pôde ser atestado que contra os escravos era imposta a maior das barbáries já ocorridas na humanidade.
É um passeio cultural, de resgate de identidade e história. Vale a pena tirar um tempinho e conhecer toda a área considerada a “Pequena África do Rio de Janeiro”. Refazer o caminho, pisar o chão onde a população preta carioca viveu, foi triste, feliz e soube deixar a sua marca indelével na cidade.
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