Rosa Araujo
Vivia um redemoinho de emoções. Sabia que estava sendo enganado, mas, mesmo assim,continuava a alimentar a vaidade de Elis.
Ela vinha sempre com uma história frouxa de que precisava de o que ela qualificava de “ajudas”. Sabia que não se tratavam de “ajudas” e sim de dinheiro gasto com frivolidades como esmaltes, cigarros, ou, mesmo aparelho novo de celular de última geração.
Gostava dela. De verdade. E por isso, fingia que acreditava nas histórias frouxas que ela contava.
Um dia, ela veio assustada, dizendo que havia sido assaltada. O tal meliante tinha roubado o salário dela todinho. E agora? Como ela pagaria as contas do mês? Pediu a ele emprestado todo o valor correspondente ao salário.
Ele, já escaldado, disse que iria fazer o depósito para ela no dia seguinte, pois, estava muito ocupado e ficaria preso no trabalho até muito tarde.
Elis não gostou muito, insistiu que precisava do dinheiro ainda naquele dia, porém, ele ficou firme e disse que,se ela quisesse, só amanhã.
Ela saiu batendo o pé do escritório dele, aceitando sem aceitar a recusa dele. Quem ele pensava que era para recusar um pedido tão importante dela?!
Ele então, deu um tempo de cinco minutos, e saiu atrás dela, dizendo aos colegas de trabalho que já voltava.
Seguiu atrás de Elis. Ia com o coração descompassado. Sabia que, finalmente, ia se deparar com algo que já pressentia e não queria ver.
A mulher andava pela grande avenida, apressada. E ele atrás. De repente, ela entrou em um bar. Ele entrou. Ela encontrou um rapaz que a aguardava ansioso. Beijaram-se avidamente. Ele olhou para aquilo. Vieram-lhe lágrimas aos olhos.
Elis sorria. O rapaz também. Pareciam apaixonados. Ele pegou então o celular e tirou fotos de Elis com o rapaz. Depois de tirar as fotos, virou e saiu. Constatou, arrasado, que ela nunca o tinha amado. Chorou a noite toda.
Na manhã seguinte, Elis o procurou em seu escritório. Ele, sem aparentar a tristeza e raiva que sentia, recebeu a mulher muito educadamente.
Ela, sem nada desconfiar, perguntou pelo dinheiro. Ele então, sorriu e pegou o celular. Abriu as fotos e mostrou a Elis, dizendo que era para ela pedir ao rapaz com quem ela havia saído na noite passada.
Ela engasgou. Ficou quieta diante daquela prova de seu deslize. Ele chorou abertamente sua tristeza e decepção. Ela então disse que nunca havia gostado dele. Só estava com ele pelo dinheiro que ele tinha. Que o assalto era mentira. Queria o dinheiro para dar para o amante.
Aquilo o feriu de morte. Cego de furia, partiu para cima dela e empurrou em direção à janela do escritório. Elis rua dele, o chamava de homem patético. Ele continuava empurrando a mulher para direção da janela. A secretária dele chegou e viu aquela cena. Gritou para ele parar com aquilo. Elis,aproveitando a distração, pegou um canivete dele que estava em cima da mesa e deu-lhe dois golpes no peito.
Ele caiu no chão sem vida. Elis passou em cima dele com seu sapato de salto. Saiu sem olhar para trás.
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