Era uma vez uma menina que vivia encantada por uma estrela. Ela vivia numa aldeia onde as árvores eram muito grandes e era difícil ver o céu. Durante o dia, várias pessoas conseguiam se beneficiar da luz do sol, pois durante suas atividades se deslocavam até um local distante onde as árvores eram menores.
Mas quando anoitecia, o povo não tinha coragem de caminhar tanto para olhar o céu. As pessoas ficavam perto de suas casas, comiam frutos, cantavam e quando tinham sorte, alguém contava uma história.
De noite, só havia a luz da fogueira para iluminar, mas a menina encantada jurava que via uma estrela. Algumas pessoas diziam que era mentira de criança, outros queriam acreditar, mas ouviram sobre evidências de que tal crença fazia mal.
Ninguém sabia se as evidências eram reais. Mas a menina foi crescendo, ela via que as crianças aprendiam cada vez mais e que os adultos inventavam novos instrumentos de trabalho. Ela acreditava que tudo aquilo era obra da estrela e que um dia a vida seria melhor.
Conforme ela ganhou idade, percebeu que a estrela brilhava menos. Depois de muito se esforçar, parecia que a morte rondava a estrela. Foi muito sofrido para a menina ver aquilo. Ela via a luz fenecendo e pensava: como pode uma estrela morrer?
Mas aquela menina virou mulher e resolveu não se calar. E de tanto falar, tornou-se contadora de histórias. Suas histórias traziam lágrimas, mas também faziam sonhar.
E um dia todos viram que a estrela era verdadeira, pois ela começou a perder alguns pedaços. As pessoas que sempre desmentiam a criança, passaram a lamentar catando o pó de estrela do chão.
Contudo, a contadora de histórias trouxe esperança para seu povo. Esperança vira força. E o coração fortalecido ativa a mente. Foi por isso que enquanto ela chorava, as pessoas tentavam reconstruir uma nova estrela.
Mas o pó caía no chão e os habitantes da aldeia não conseguiam compreender como tudo aconteceu. Cansado, mas sem desistir, o povo levou todo o pó até a contadora de histórias. Talvez ainda existisse uma parte da estrela no céu. Quem sabe ela poderia fazer algo?
Aquela mulher ouviu seu coração e para estranheza de todos, passou a soprar o pó. Ninguém entendeu como aquilo foi possível, mas ela desenvolveu o poder do sopro mágico. E cada montinho de pó que ela soprava, ganhava vida e subia para o céu, virando uma nova estrela.
Naquela noite, todos ficaram tão tocados que resolveram enfrentar o medo e caminharam até o local onde as árvores eram menores. O caminho foi difícil, mas todos que chegaram ficaram maravilhados, pois conseguiram ver o céu todo iluminado.
Algumas estrelinhas ainda estavam subindo e as crianças juravam que elas estavam sorrindo. Os adultos não conseguiam ver os sorrisos, mas passaram a acreditar nos pequenos. O povo resolveu se mudar para aquele lugar, onde todos poderiam se beneficiar do sol e da beleza de um céu cheio de estrelas.
O povo teve muitos aprendizados e descobriu que para ter a noite iluminada, é necessário que existam muitas estrelas.
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