Rosa Araujo
Amou-a à primeira vista. A jovem intrigou-o a tal ponto, que não conseguia tirá-la do pensamento. Via-a algumas vezes por semana e desejava poder vê-la todos os dias. Achava-a possuidora de uma força serena, capaz de dominar delicadamente tudo o que a cercava. Arrebatadoramente encantadora, como o amanhecer.
Percebia a atitude um tanto indiferente ao seu interesse de homem maduro, mas tentava cativá-la. Pacientemente. Tinha certeza que seria sua ultima paixão no que considerava ser o “crepúsculo da vida”.
Um dia, finalmente, ela o percebeu. Descobriram interesses, gostos e desejos parecidos. Viam-se todos os dias. Amavam-se intensamente. Ele, com a paixão contidamente desmedida dos homens mais velhos. Ela com a paixão incomensurável dos jovens. Completavam-se e se sentiam felizes em sua sensação de serem um.
Ela era tudo aquilo o que ele havia pressentido em seu coração. Ele, o Esperado, o homem que a tornou única. Sentiam trilhar um caminho maravilhoso e sem volta. Ele guiava firme sua menina e ela segurava sua mão confiante.
O tempo passou. Finalmente, se fez noite na vida do homem, agora um senhor. Sentia-se já sem o ímpeto apaixonado de antes, mas a serenidade do amor que sentia ainda pela sua sempre menina bastava-o. A jovem, segura na mão do Senhor do seu coração, trazia-o junto de si, sempre atenta a seus passos já não tão firmes. Não deixaria de conduzi-lo, jamais, através do caminho que continuariam a trilhar juntos pela noite enluarada afora.
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